No sábado da última semana santa, veio à minha cidade uma tia que mora na capital. Com ela, também vieram seu esposo e filhos.
Um deles, é o Guilherme. Molecote pequenininho (apesar de ter por volta de 10 anos), olhinho puxado metido a chinês e adorador dessas ferramentas digitais; em suma, menino de capital.
Fomos todos ao sítio da família, e lá dormiram minha família e a da minha tia.
Quando foi por volta de 5:20h, eu e o Guilherme acordamos. Com isso, chamei ele para olhar o açude, que fica por volta de uns 300m da casa, e ele aceitou a aventura. Fomos ao açude antigo da propriedade do meu tio-avô e, chegando lá, decidimos visitá-lo (a fazenda dele é outra, diferente da que estávamos).
Arriscadamente, chamei ele para ir por outra trilha antiga. Uma trilha da época do meu avô que, hoje, encontra-se tomada pela mata. Ele aceitou também. Todavia, antes de irmos, prezei pela segurança do menino: mandei ele pegar umas pedrinhas no chão e guardar nos bolsos, e eu peguei um pedaço de pau. Qual a segurança nisso? Zero! Se aparecesse uma raposa no caminho, nem bala, nem peste ruim, nem o olhar dele me alcançariam.
A mata fechada e à beira do açude fez com que fôssemos devorados pelas mutucas. Tanto que minha perna ficou pinicando e formigando (a folha de marmeleiro não deu vencimento em espantar essas infelizes). Mas, finalmente, quando estávamos próximos da fazenda, vimos um rebanho de gado — sinal que nos encontrávamos próximos da fazenda. O medo do menino por cobras ou raposas foi convertido em um receio de chegar próximo dos bois. Porém, isso tudo não vem ao caso; o que importa é o nosso diálogo ao ver os bichos.
— Pedro, fazia tanto tempo que eu havia visto um rebanho de vacas de perto.
Prontamente, respondi com um riso de canto de boca:
— Vejo-as todos os sábados à noite que decido sair de casa.
Ele respondeu:
— Você vem no sítio todo sábado, é?
— Não. Vou na Praça Getúlio Vargas.
— E elas ficam assim... tão longe do curral?
— A praça do CEPA fica um pouco mais acima.
Por Pedro Figueiredo
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AS VACAS NÃO ESTÃO SÓ NO PASTO - Por Pedro Figueiredo
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