Poeta Ramon Medeiros faz Cordel sobre reflexão política - DIÁRIO PATOENSE

Poeta Ramon Medeiros faz Cordel sobre reflexão política

 

QUANDO É ANO DE ELEIÇÃO


Como o voto não tem preço
Jamais venda um voto seu,
Não troque em telha, cimento,
Chuteira, bola ou pneu...
Não se dê por convencido,
Não seja fã de partido
E preste muita atenção:
Veja bem que o interesseiro
Só lhe oferece dinheiro
Quando é ano de eleição.
 

Deixe os olhos bem abertos
Para ver a falsidade
Dos defensores do bem
Pelas ruas da cidade.
Cada qual mais criativo
Com boné, com adesivo
Abraçando o cidadão.
Não pode nem dar um passo
Prometendo e dando abraço
Quando é ano de eleição.
 

Amigos, possui de ruma
No bar, no beco e na praça,
Promete fazer de tudo
Em todo lugar que passa.
Não lhe falta companhia
Pode ser ao meio-dia
Sempre tem algum babão
Pra babar, pra tirar foto
E tentar comprar seu voto
Quando é ano de eleição.
 

Interessante demais,
Tem gente que nem conheço
Dizendo que é meu amigo,
Já sabe meu endereço.
Depressa tira um retrato
Diz — Eu sou seu candidato —
Apertando a minha mão.
Igual formiga de asa
Passando de casa em casa
Quando é ano de eleição.
 

Dar remédio, paga conta,
Emplaca a moto do amigo,
Pois é justamente nisso
Que mora o maior perigo.
Seu voto não tem valor,
Ouça bem, caro eleitor,
Ao dinheiro diga NÃO,
Que hoje quem te conhece
Some e só reaparece
Quando é ano de eleição!
 

Um carro de som na rua
Dita o ritmo da campanha,
Mas logo desaparece
Quando a tal eleição ganha.
Nesse tempo é tudo santo
Visitando todo canto
Prometendo inovação.
Quem não é, conquista o povo,
Quem já foi quer ser de novo
Quando é ano de eleição.
 

No sítio que nunca foi
Passa a ir toda semana,
Com discursos preparados
A população engana.
Vai depressa pra cozinha
Comer arroz com galinha,
Chega a se sentar no chão.
Visita cada vizinho
Entregando o seu santinho
Quando é ano de eleição.
 

De posse de um microfone
Se agiganta o candidato
Jurando que quando eleito
Será do povo o mandato.
Vai ser bom para a saúde,
Esporte pra juventude,
Combate a corrupção...
No palco tudo é capaz,
Nas palavras tudo faz
Quando é ano de eleição.
 

Promete que desta vez
Será tudo diferente,
"Preciso do seu apoio,
Do seu voto, minha gente!"
Bota uma canção bonita,
Chorando, bem forte grita,
Causando até comoção.
Vai de viela em viela,
Visita cada favela
Quando é ano de eleição.
 

Professor valorizado,
Mais espaço pra cultura,
Educação terá vez,
Foco na infraestrutura.
Possíveis vereadores
Visitando os catadores
Que trabalham no lixão...
Dizem — Vou lhes tirar dessa! —
Tome discurso e promessa
Quando é ano de eleição.
 

"Serei seu representante,
Eu lhe peço por favor,
Deixe eu ser a sua voz
Sendo o seu vereador",
O candidato a prefeito
Antes do dia do pleito
Lhe chama de "meu irmão",
Quando concretiza os planos
Retorna após quatro anos
Quando é ano de eleição.
 

De sorriso escancarado
Com seu cabo eleitoral
Caminha pelo subúrbio,
Visita a zona rural.
Orienta o comitê,
Grava vídeo pra TV,
Organiza a reunião.
Do cansaço não tem medo,
Dorme tarde e acorda cedo
Quando é ano de eleição.
 

Onde vai, tudo promete,
Pede ao povo confiança,
Para alcançar o poder
Com rival faz aliança.
Vai contrapor o sistema,
Pra todo e qualquer problema
Mostra logo a solução.
Todo dia vai à feira,
Enfrenta asfalto e poeira
Quando é ano de eleição.
 

Dez reais de gasolina,
Um chapéu, uma camisa
Fazem todo candidato
Ser primeiro na pesquisa.
Discurso sem eficácia
Recheado de falácia
Acrescido de ilusão...
É comum a gente ver
Tudo isso acontecer
Quando é ano de eleição.
 

Faz campanha pela rua
A pé, em cima de um carro,
Abraça qualquer criança
Mesmo suja de catarro.
Cumprimenta qualquer pobre
Do jeito que abraça o nobre
No meio da multidão.
Contrata cantor famoso
Pra sair vitorioso
Quando é ano de eleição.
 

Eleitor, me escute bem:
Bote em sua consciência
O seu voto não tem preço,
Mas tem grande consequência!
A tão sonhada mudança,
O futuro da criança...
Requer sua decisão.
Não fique em cima do muro,
Pense bem no seu futuro
Não somente na eleição. 


Autor: Ramon Medeiros
Revisão ortográfica: Kilmara Rodrigues
Revisão poética: Marciano Medeiros

Poeta Ramon Medeiros faz Cordel sobre reflexão política Poeta Ramon Medeiros faz Cordel sobre reflexão política Reviewed by Redação on 9.11.20 Rating: 5

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